Sobre vampiros e lobisomens - e as escolhas femininas

Semana passada finalmente me rendi a série de filmes Crepúsculo. Foi meio que ao acaso, o primeiro estava passando na tv aberta e resolvi tentar entender a razão de tanto sucesso. De fato, vários componentes tornam a estória atrativa: romantismo, suspense, ação e imortalidade juntos num pacote que faz você querer saber o que vai acontecer depois...

Mas após assistir a todos os filmes da Saga (sim, inclusive Amanhecer que ainda está passando nos cinemas), comecei a tentar a entender as razões para a escolha da mocinha e perceber que há mais coisas reais do que fantásticas nessa conversa - o que pode explicar a razão de tamanha identificação com a personagem. Afinal, quem de nós não achou que aquele era o Príncipe Encantado e não passava do Príncipe das Trevas? Ou então descobriu que o gato maravilhoso era somente um baita de um cachorro?

Imaginem-se no lugar de Bella. Primeiro ela conhece Edward: um gato misterioso que não dá papo para ninguém. Vai para a escola num mega Volvo (e ele só tem 17 anos!), mora numa casa cinematográfica e, de repente começa a se interessar por ela! Além de ser um espetáculo e rico, é inteligente e é meio super-homem. Salva a vida dela logo de cara. Mas, como nem tudo é perfeito, ele é bem pálido, com cara de morto-vivo, tem a pele fria e é um vampiro! Ainda tem a família do morcego, um bando de sanguessugas! Se ela der mole, o cunhado crava seus caninos naquele sangue apetitoso.

Putz! Para as minhas amigas de plantão que já passaram ou estão passando pela busca do "homem da sua vida"... vampiro é realmente inédito! Imagina o cara te dizendo: o problema não é com você, é comigo: sou um vampiro! Ou então: eu não vou fazer nada que você não queira... e taca-lhe uma mordida na sua jugular?Fiz uma lista bem batida dos tipinhos que nós, mulheres, podemos encontrar por aí (amigas de longa data, usei algumas referências de vocês, tá?): o que tem mau hálito, dificuldades com o português, o cara que já tem namorada, que é estelionatário, que mora em cafofo no subúrbio, que não tem profissão definida, é louco, tem aversão a compromisso, toma remédio controlado, mora com a mãe aos 40 anos de idade... A lista é longa e variada, mas vampiro???? Coitada dessa menina...

Aí tudo bem, o segundo carinha mais gato da parada, um moreno de parar o trânsito, com aqueles bíceps que você pediu a Deus e aquela barriga de tanquinho, começa a se interessar por você. O carinha é um fofo, gentil, boa família, sangue quente. Mas o cara é pobre (mora num casebre no meio da floresta), anda para lá e para cá com um bando de outros caras, sempre sem camisa e desalço. Ok, aquele corpão é para ser visto, mas não dá para andar decentemente vestido? E para completar, você descobre que o cara é lobisomem? Peraí! É muita coisa para uma mulher só! Aparecem dois ao mesmo tempo na sua vida: um é sanguessuga e o outro vira bicho quando está com raiva? Comecei realmente a ter pena da Bella. Mas não terminou por aí.

Coisas da vida, ela preferiu o vampirinho (ainda estou tentando entender a razão). Aí, eles dois são adolescentes, ela cheia de amor para dar e o cara não quer nem dar um beijinho? Pelamordedeus! De onde essa menina veio? Eu já ia achar que tem alguma coisa errada, depois de estarem saindo junto há um tempão, o cara regulando o tempo todo. Ah! Deve ter mau hálito ou então é gay mesmo e ainda não teve coragem de assumir. Eu já teria dado linha nessa pipa. Mas a menina continua insistindo. Para fechar o caixão (sem trocadilhos), no último filme, eles casam, viajam para uma ilha paradisíaca e finalmente o casamento é consumado, se é que vocês me entendem. Os dois ficam 15 (QUINZE) dias na ilha e só rola 2 vezes! No resto do tempo eles ficam jogando xadrez!!!  I beg your pardon? Xadrez? Essa menina realmente tem problemas de auto-estima e uma carência gigantesca para se meter nessa encrenca. Ok, esse filme a gente já viu... Ou então, está interessada na grana do rapaz. Mas o problema é que o cara é imortal e nunca vai deixar herança nenhuma para ela.

Sei não, ainda estou tentando elaborar melhor as questões desse filme, encontrar outros paralelos, mas por agora, acho que a melhor solução é transformá-lo numa versão americana de Dona Flor e seus Dois Maridos. Todo mundo ia viver feliz. Para sempre.